sábado, 18 de abril de 2009

ANTIDEDICATÓRIA

Imagem - Jerry Uelsmann ( http://www.uelsmann.com/)


Luiz Martins da Silva


Há dias de perceber
Do quanto moídos fomos
Apenas areia no ralo.


Há dias em que, de fato
O que seria alimento
É só resíduo no prato.


Há dias sobrando pranto
Esses em que o girassol
É só o sol sem encanto.


Há dias de muitas sombras
Terríveis são as penumbras
De atmosferas netunas.


Há dias sem literatura
Em que o melhor estilo
É o coração trajando luto.


Há dias sem espetáculo
E todo o circo deserto
E a sua cara na vaia, palhaço.


Há dias em que o oceano
É só uma lágrima distante
Numa eternidade fria.


Há dias em que o sorriso
É só o eco de um vento
Inócuo, opaco, sem folhas.


Há dias de se re-voltar
Contra toda a sem-poesia
Que nos mantém numa bolha.


Há dias de se dizer: “Moço!
--E de se ouvir no fundo, do fundo...
--Sai desse troço!”.


terça-feira, 14 de abril de 2009

PERFIL- ANA PAES ( 1615-1674)




O ENGENHO DA CASA FORTE




"Ana Paes Gonsalves de Azevedo , nasceu no maior engenho da Várzea do Capibaribe- O Engenho da Casa forte. Filha de pais portugueses nobres e ricos, a sua notória formosura de pele alva, cabelos escuros e abundantes, enormes olhos cor de violeta, era acrescida pela altura, esbelteza e elegância de postura e gestos.
Aos 18 anos era viúva de Pedro Correia da Silva e com a morte do pai passou a administrar o engenho com firmeza e determinação mantendo-o entre os dez melhores de Pernambuco. Para se atualizar nos preços do açúcar, no comercio exterior, da cabotagem e outros misteres, competia com os homens donos de engenho, mercadores e corretores, freqüentando a praça e o mercado.
Uma mulher bem avançada para a época, destemida e resoluta. Falava e escrevia além do português, o latim por ser a língua na época utilizada no mundo civilizado e culto e mais tarde o alemão aprendido nos seus sucessivos casamentos e no convívio com os flamencos.
Foi educada nos princípios e à moda portuguesa, vivendo com sua mãe no engenho e na casa da Rua Bom Jesus, uma grande e aprazível chácara. Existem duas cartas escritas por ela. Uma dirigida ao conde de Nassau, oferecendo açúcar do seu engenho, da qual existe uma cópia no Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano. Outro, dirigida ao Conselho da Zelândia, pedindo a liberdade do marido Charles de Tourlon, em agosto de 1637.
Enamorou-se pela figura amável, inteligente e galante do príncipe de Nassau, até encontrar André Vidal de Negreiros por quem teve uma irresistível e conturbada atração. Devido a intrigas, separam-se. Ela mudou de religião e adotou o protestantismo para se casar com o comandante da guarda pessoal de Nassau, Charles de Tourlon, em Recife, no ano de 1637. Deste casamento teve uma filha, Isabel de Tourlon, que viria a se casar na Holanda com Viglio Gaspar Kroyestein, Oficial da Infantaria do exército holandês.
Casa-se pela terceira vez no final da Batalha dos Guararapes, em 1645, devido a confirmação da morte de Charles de Tourlon na Holanda, com Gilbert de W , com quem já vivia. Ele era Conselheiro de Justiça do governo holandês, conforme consta na assinatura do documento de capitulação.
Por ser casada com holandês foi considerada holandesa e conseqüentemente recebeu as regalias concedidas pelo General Francisco Barreto de Meneses, no ato da rendição, documento de capitulação dos batavos vencidos.
Tendo perdido todos os seus bens imóveis, embarca para Holanda na nau Vos (Raposa), na companhia do marido e dois filhos, Cornelius e Elizabeth, no final da invasão em 1654.
Seu engenho confiscado foi colocado em leilão e arrematado em hasta pública pela família do Padre Roma, o qual, ao tomar posse do Engenho Casa Forte, mandou destruir a Casa Grande.
Nos seus escombros foram encontradas vigas calcinadas, provocadas pelo incêndio ateado pelo exército luso-brasileiro por ocasião da Batalha de Casa Forte. Hoje, deste engenho resta apenas o antigo pátio - atual Praça de Casa Forte, agora um jardim com lago e vitórias-régia, o primeiro criado por Burle Max, nosso grande paisagista. E no lugar da antiga capela, ergue-se hoje a matriz de Casa Forte. Nesta igreja, logo na entrada, a esquerda, existe uma placa aposta em 1995, confirmando ser o engenho Casa Forte o local da batalha de 17 de agosto de 1645. Esta placa foi aí colocada em comemoração aos 350 anos do heróico feito.
No livro de batismo da igreja holandesa, consta em 1643 o nome de Izabel Tourlon; em 1647 de Cornelius  e em 1650 o nome de Elizabeth . O registro dos três filhos de Anna Paes dentro da religião calvinista.
Mais tarde, em 1693, no Tratado de Transação contra o reino de Portugal os herdeiros de Anna Paes, ganham a ação de indenização movida por eles, em ressarcimento dos bens deixados no Brasil por seus pais.
Ao contrário do enfoque dado a Anna Paes por alguns historiadores que a julgaram uma mulher dissoluta, amoral e considerando que o Brasil não era ainda "A Pátria", Anna Paes foi antes de tudo uma mulher jovem, carente de amor, depois, uma mulher apaixonada, poucas vezes vingativa, inteligente e arguta por ter sabido aproveitar o momento, se colocando ao lado dos holandeses, que faziam na sua visão, progredir a terra natal."

Fonte : Fundação Joaquim Nabuco
Nota do Blog- No trato de transação aonde lê-se Ana Paes Autero, leia-se Ana Paes D'Altro. Óleo sobre tela. - Frans Post, Pintor Holandês
,
Nota: Romancistas, biógrafos e historiadores retratam uma personalidade ora doce como qualquer sinhazinha da época, ora forte e determinada.  Ana dedicava-se a leitura e ao comércio açucareiro  numa época em que as mulheres apenas bordavam e rezavam. Encantou-se pelos gestos europeus do Príncipe Nassau mas recuou de levar adiante a aventura quando conheceu André Vidal de Negreiros, que seu coração dizia ser o companheiro para toda a vida. O curto romance naufraga e as armadilhas do destino ferem-lhe o orgulho e fazem da moça encantadora uma mulher que não mede esforços em se vingar de Negreiros. Neste ponto dividem-se os biógrafos sobre o caráter de Ana Paes. Casa-se às pressas com Charles Tourlon por conveniência. Quando Charles retorna à Holanda leva a filha Isabel consigo. Ana só a reencontra muitos anos depois em Terras européias quando já casada com  Gilbert De W. é obrigada a deixar o Brasil.  Ana Vai viver em Dordrecht-Holanda e posteriormente em Haia , onde vem a falecer em 1674. A Batalha de Casa Forte, será sempre lembrada como um episódio marcante contra a resistência flamenca na história de Recife. Uma mulher criada dentro das tradições portuguesas que se aliou aos holandeses com certeza estremeceu ao ver o sangue dos derrotados escorrendo pelas paredes da casa. Antes de ser anjo ou demônio Ana Paes foi uma mulher de personalidade e um senso de justiça admiráveis . Apenas uma mulher escrevendo sua estória com erros , acertos e lágrimas. Como finaliza Telma B. Vasconcellos em "Dona Anna Paes"- Simplesmente , Anna.

L.A

domingo, 12 de abril de 2009


" O místico Yogananda disse que a vida é como uma longa corrente dourada flutuando nas profundezas de um oceano que só pode ser içada para se examinar um elo de cada vez, enquanto o resto reluz fascinante e inalcansável debaixo d'água. O que sabemos atualmente sobre a morte, a vida e a alma é provavelmente apenas um elo dessa corrente. À medida que integramos nossa dor ao crescimento, somos cada vez mais capazes de trazer para a luz essa corrente dourada de alegria e sabedoria do oceano do ser."
Brian Weiss- A Cura através da terapia de VIDAS PASSADAS, p. 79, Editora Sextante

quinta-feira, 9 de abril de 2009


Pintura e texto de Steven Kenny

Nós seres humanos estão inclinados a esquecer ou ignorar os princípios da existência. Eles incluem: todas as ações que mudam o ambiente, uma mudança inevitável, um imobilismo antinatural, o tempo como influência e a concepção como início de morte bem como da vida, e muitos outros. Nosso desafio é o de aceitar humildemente o que nos deu a Natureza e viver para definir as lições que temos diante de nós, sem impor a nossa vontade arrogante sobre o planeta.
Como seres humanos mais plenos abraçamos a tecnologia e sentimos um crescente sentimento de ansiedade, desorientação e medo. Para compensar, o nosso desejo de previsibilidade e ordem inflama-nos uma voraz fome de controle que induz-nos a força para renunciar aos segredos da Natureza. Quando esta nos fornece algo pleno, para nós é visto como "falso", insuficiente, e necessitando de uma melhora. Manipulamos o nosso meio, em uma tentativa de gerenciar tempo, eliminar mudanças imprevistas, e estabelecer uma permanente sensação de estabilidade. Tentamos ir à uma leva de suprimentos para cercar-nos com psicológico, físico, espiritual, social, cultural o ambiente que esperamos que finalmente nos satisfaça. O resultado é uma existência cada vez mais artificial. Tento combinar detalhado realismo, surrealismo, simbolismo e transmitir a linguagem universal da Natureza , como entendo. Eu visualmente combino figura humana, plantas, animais e todas as outras formas de matéria natural em quadros vivos. Estes cenários estão presentes em nossa existência, quer do ambiente harmonioso ou complicado por humanos contraditórios. Minhas pinturas servem como um lembrete para mim mesmo, e talvez a outros, que toda a vida na Terra é apenas um único organismo. O mundo que me mostram está numa interdependência onde as hierarquias desabarão.
Tradução - L.A

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