quinta-feira, 7 de maio de 2009

Às vezes, é necessário a leveza das borboletas e dos pássaros.

L.A

segunda-feira, 4 de maio de 2009

CLARA EVIDÊNCIA




Antes, cumpre esclarecer, havia os dias brancos. Mas o sopro divino sobre dunas de sal , deixava sobre a soleira da porta, como dúzias de rosas cor de berinjela - os intermináveis dias negros. Cumpre ainda esclarecer que os dias não eram seus, mas do filho mais novo. Tal qual equilibrista sob guarda- sol, separava as cordas da bipolaridade. Ora lhe chovia sobre os ombros, ora os raios lhe queimavam as costas. Quando o sol  queimava-lhe as costas, o maior de todos os equilibristas, neste respeitável circo... dançava entre lençóis coloridos. Venham todos ver o maior espetáculo da terra! Flores para a dama ao lado, sorvete e pipoca para todos!
Ah!... O grande mistério do Criador: não havia uma lógica aritmética, sendo assim para dois dias brancos poderia haver dezenas de dias escuros, que poderiam chegar por pacote expresso na entrega das dez , em qualquer dia da semana. Como saber?
Segunda -feira , oito horas. Passa pela cozinha:

_ Bom dia, você já chegou? nem notei...
Não espera a  resposta. Passa de volta quarenta minutos depois.

_ Bom dia, ué você já está aí ? Que bom.!

A empregada ameaça um sorriso.
Meia hora, depois passa de novo pela cozinha.
_ Agora que você chegou, isso são horas,? Eu já te falei que segunda-feira você tem que chegar cedo.
A empregada inspira fundo , observa. A roupa: a saia é verde, a blusa vermelha, o casaco é roxo... e as sandálias... ora não formam um par... estão ...
Soa o alarme. A mulher está parada na porta da cozinha e sorri. Sorri de que mesmo?
Agora é só a ponte em frente. A ponte é estreita e tem muito limo na parte externa, está sobre rio escuro . Uma mulher com uma saia velha e sandálias trocadas, tem no bolso do casaco um relógio parado, está no meio da ponte e porque chove abre a sombrinha.
_Qual o seu nome?
_Ela não lembra Doutor, intervém o marido , amanheceu sem memória.
_ Algum problema em casa?
- O menino mais novo é bipolar. Ela se aborreceu com ele.
- Ah...
Do lado de cá, a estação de rádio funciona em dialeto primitivo. Não há tempo para ensinar a linguagem dos não mudos, não há tempo para traduções. Três estranhos numa sala branca. Uma mesa, uma maca , dois homens e uma mulher. Uma mulher sem nome - páginas e páginas de livro em branco.
_ O nome dela é Clara, ela tem quarenta e cinco anos.
A idade, veneno forte. Mata em dose única. Contra- indicação feminina, elas não se acostumam.
_ As vezes elas não voltam, tive um caso deste mês passado... ela quis ir, se tentou voltar, não sei, sei que não voltou.
_ Ah...
Atenção, a escolha é sua. È só caminhar de volta , bem devagar e a ponte não mais existe. Se o problema é o escuro , aguarde as primeiras horas, não há noite que dure pra sempre. Não desista. Daqui a pouco vai chegar o padeiro:
_ Dona Clara!!!
Você tem um nome, e a casa é esta, antes da ponte. O pão está na mesa e o café quente. A empregada , acredite , chegou antes das oito e fez o café.
Bom dia, sua consulta no dentista é as três.

Luísa Ataíde

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A LUA E O UNICÓRNIO


"Estou consciente de que tudo que sei não posso dizer, só sei pintando ou dizendo sílabas cegas de sentido" Água Viva- Clarice Lispector


Escudo
Entre a casa e a rua em suave declive está o fosso em água escura.
Nas noites mornas a lua sombreia o unicórnio sobre a colina.
Ele olha a rua , a casa e o vento que move suavemente as folhas.
A lanterna aponta inadvertidamente o azul do céu.
Qual lobo rondando planice
Observa o movimento da água.
Domínio
Sob a água, observa o réptil o céu clareado de lua.
Vê o animal e seu dorso branco.
Solta excrementos adicionando-os à fetidez da água.
Circula a casa, bebe o líquido que o cerca
Suas lanternas apontam inadvertidamente o céu escuro.
Encontro
O animal sobre a colina, tece asas e sobrevoa o fosso.
O réptil ergue o corpo e arreganha os dentes.
O Unicórnio abre as asas e em suave compasso retorna à colina.

Espera.

L.A

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