sábado, 27 de março de 2010

ESCRITOS VOANDO NO TEMPO- TERESA FERRER PASSOS




A Escritura Editora, dentro da Coleção Ponte Velha, edição apoiada pelo Ministério da Cultura de Portugal e pela Direcção Geral do Livroe das Bibliotecas ( DGLP/Portugal) , publica Escritos Voando no Tempo, de Teresa Ferrer Passos, com a seleção de ensaios sobre temas diversos relacionados à literatura e à cultura em Portugal. A obra conta com a organização de Floriano Martins e ilustração de Dheyene de Souza.

Teresa Ferrer Passos discute a idéia de que "a literatura portuguesa tem tido um fraco expansionismo no Brasil no Brasil ao longo do século XIX ( pós independência do Brasil) e XX-XXI. Também o conrário tem sido uma constante. Se os portugueses conhecem mal a literatura brasileira e, assim como os outros campos das terras de Santa Cruz, os brasileiros também não tem acesso ao melhor da poesia, do romance e da pintura portuguesa do século XIX e XX.) re o Brasil do grande contista Machado de Assis e da admirável romancista Clarice Lispector, o universo da língua portuguesa ( agora alargada a aÀfrica e a Oceania pela CPLC), continuará emprobecido e sem explendor ( cultural/econômico) da Francofonia e da Commonwealth). Esperemos que o acordo ortográfico seja um passo importante para atingir essa tão benéfica cionstrução do 'mundo que o português criou' ( Gilberto Freire, 1940)"

Sobre a autora: Teresa Ferrer Passos,( Portugal, 1948 ) Historiadora, ensaista, poeta e narradora. Criou, em 2007 , um sítio Web denominado Harmonia do Mundo; http://www.harmoniadomndo.net/ . Recebeu o prêmio Monografia /monografia atribuído pela Sociedade Histórica da Independência de Portugal, em 1989, ao Ensaio intitulado Fernão de Oliveira- 1º gramático de língua portuguesa, livro que viria a ser publicado em 1994. Traduziu A Semana Santa, (romance hisórico), de LOUIS ARAGON ( 2003). Publicou dentre outros livros: O sentimento Patriótico em Portugal ( Coletânea de artiugos publicados sobre a psicologia coletiva do povo português , 1983), A Revolução Portuguesa de 1383-1385, ( ensaio histórico , 1984). Eu Nuno Àlvares ( romance histórico em 1987), Fragmentos de Sol, (poesia 1993), O Grão de Areia ( contos de ficcção científica, 1996). Album de Amor( album de poesia em porceria com Fernando Henrique Passos, 1998), a Restauração de 1640 e D. Antão de Almada ( 1999) , Ensaios Literários e Críticos (2001), Anunciação, ( romance 2003) e Novo Album de Amor ( em coautoria com Fernando Henrique Passos, 2005).

Conheça todos os títulos da Coleção Ponte velha em http://www.escrituras.com.br/ponte.htm

sexta-feira, 26 de março de 2010

NO PÓ DA ESCRITA




Outrora, bandeiras de guerra e paz eram precedidas por missivas lacradas por brasões reais : a importância vital da escrita. Mensageiros corriam bosques noturnos e corações apaixonados abriam cartas num ritual de paixão e fé. A materialização em papel da palavra foi gradativamente silenciando-se diante das mensagens virtuais do século XXI : a modernidade a favor da saúde do planeta. A língua, entretanto, tende a ser modificada pela usual aglutinação das vogais e alteração da grafia: a cotidiana comunicação eletrônica.

Escritores são narradores e registradores das histórias que cruzam o círculo planetário. Fictícios ou biográficos os textos buscam, antes de tudo, seduzir o leitor. Os alquimistas da palavra misturam os verbos, refazem a frase, destilam incessantemente , aspiram e entregam o produto final: a narrativa.

Escrever é antes de tudo o exercício de domar a língua sob a inércia ou frenesi da imaginação. É a busca do equilíbrio entre a palavra culta e a que atrai . Se a narrativa esmerar-se em linguagem o leitor torcerá o nariz e afastará o cálice. Se pecar pela vulgaridade será de igual forma preterida. A linguagem escrita apóia-se na possibilidade de tornar-se visual ou a história não tomará forma na imaginação de quem lê e o ruído de um livro fechando-se irá silenciar a voz do autor.

Escritores são homens comuns, enfeitiçados, porém , pelo efeito da palavra. Edificam e destroem cidades, sopram sons e luz sobre a escuridão do nada. Sãos os Merlins riscando as linhas da vida. Contudo, somos todos dotados deste dom divino de decidir destinos quando diuturnamente escrevemos nossas biografias. Somos personagens de nós mesmos e coadjuvantes na história dos outros. Somos todos, então, escritores: todas as nossas ações ficam gravadas. Se imaginamos um livro com páginas amareladas pelo tempo ou um minúsculo chip gravitando no cosmo é exercício mental de cada um. Há, contudo, o inevitável caminho de ser leitor: um dia leremos juntos o grande Livro da Vida.
L.A

quarta-feira, 17 de março de 2010

POR DETRÁS DO PENSAMENTO



O rapaz entrou no pequeno banheiro do restaurante e abriu a torneira. Juntou às mãos um pouco de água e lavou o rosto. Quando ergueu a cabeça sentiu que a parede as suas costas girava em sentido horário, mas sua figura embora estática girava no sentido inverso a ela. A luz do ambiente caiu como se subitamente não mais fosse horário de almoço. Manteve-se em posição de vigília, observando. Não mais ouvia o barulho dos garfos na pia de metal da copa ao lado. O silêncio tinha um ruído abafado, como se a imagem a sua frente se projetasse num filme mudo. Agora a outra margem do rio era completamente visível. Observou as folhagens das árvores e as pedras do lado esquerdo. Seu corpo girava como se estivesse numa canoa e o remo tentasse vencer o peso do barco. Não saberia dizer se seu corpo girava ou o espaço do lado esquerdo se aproximava, agora era parte da canoa. Sentiu o cheiro de querosene que vinha do saco encardido sobre o banco do barco. Sentiu a criança deitar a cabeça sobre seu colo: não deveria ter mais de quatro anos. A menina choramingou qualquer coisa, olhou desolado o saco de pano quase vazio.

_Mãe, tô com fome, ela disse.

A cena era-lhe familiar, como se fizesse parte dela sempre. Usava calças escuras e uma blusa desbotada cobria-lhe o corpo. Tocou o cabelo da criança, tinha a impressão de estar voltando de algum lugar. Não havia na canoa nada além do saco encardido. Talvez estivesse indo, pensou. A luminosidade , contudo, era pouca e não havia casas por perto. Teve a impressão que algumas pedras moviam-se lentamente. O movimento era real, a pedra comprida escorregou ao rio. Conseguia ver-se lado a lado a mulher, mas não sabia definir a distância,. Ás vezes, pareciam um só. Não teve medo, procurou manter-se imóvel. Qualquer movimento, estava certo, o devolveria ao banheiro do restaurante. O coração começou um batimento acelerado. Deixou-se levar rio abaixo, a meia claridade aproximava-se. Não descia o rio, cortava-o em direção à margem oposta. O remo tocava a água continuamente e alguma coisa deixava atrás, bem longe. Ouviu desta vez o barulho de pratos quebrando-se no chão. Fechou a torneira .
L.A

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