quarta-feira, 23 de março de 2011

DEPOIS DO NEVOEIRO



LUIZ MARTINS DA SILVA


Melhor remédio não haverá que o próprio no desuso,
Mas convém guardar divisa do horizonte no convés,
Nunca se sabe o que nos advinham a tinta fresca
E os pingos de vela caindo sobre um velho diário de bordo.


Dormir melhora a antevéspera do dilúvio,
Alguém nos ensinará uma simpatia de esperança:
Receita improvável de alguma poção mágica,
Modo de preparo: salmoura de lágrimas e chuva.

Eu vigiarei os lusco-fuscos intermitentes das borrascas,
Convicto de que algum de nós avistará um vulto,
Uma chispa de relâmpago há de lhe açoitar o rosto,
Sacudir quem semimorto por pouco quase se desgarra do rochedo.

Amo e cultivo a escuridão, misto de reverência e medo,
Pois nada mais entende de luz do que a mãe da noite,
A inferir nas entrelinhas da gramática do perigo
Que a manhã de calmaria virá colar cada um dos nossos ossos rotos.

Nenhum comentário:

AS INCERTEZAS DA COR- útimas postagens

Seguidores

Bons livros, Bons companheiros

Bons livros, Bons companheiros
Luz Coada por Ferros 1863

Herança de Lágrimas 1871

MUSEU RICARDO BRENNAND


ANN WARD RADCLIFFE- LIVROS

André, Lucas, Mateus