“... é a minha alma que se desprende dos laços terrestres e anda pairando no espaço com sua irmã fugitiva...” (Anna Plácido, 1832- 1895)
Sempre é o lugar de ontem.
Todos montados sobre cavalos estendem cabelos ao carrossel do Vento.
A lua filtra a claridade da rua
A casa e a rua sobrevivem ao tempo.
Aonde andam os meninos, os risos, as lágrimas, os gritos?
Os que aqui viviam habitam outros sonhos, outras vidas, outros dias.
Pintaram a casa, mudaram as janelas, apararam o jardim.
Trocaram o telhado, há pouca mobília.
Os personagens dos livros sentam-se à mesa, dobram lençóis, regalam-se nas sombras
Atravessam as paredes, desbotados, antigos
Não sabem o rumo de suas estórias.
O homem se foi; a mulher e seus filhos para terras distantes.
A cidade adormece, as luzes se acendem, é a mulher que volta.
Remexe o fogão, sobe as escadas e limpa a poeira.
Recolhe das cinzas pequenas memórias.
Esfrega nos dedos
Memórias sem vidas, branquinhas... branquinhas...
Observa os homens que saem dos livros
Apaga as luzes e volta pro parque.
Todos montados sobre os cavalos, estendem cabelos ao carrossel do vento.
O Ontem agora é um lugar de sempre.
Luísa Ataíde
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