Deparei-me com Agostinho da Silva
Estático, fotográfico, pensativo
Sentado nas pedras que contornavam o rio.
Murmurei pelos fios dos cabelos:
Não te assustes
Às vezes ,Entro nas paredes e vago nas sombras
Sorvo dos poetas o perfume
Dos filósofos o pensamento
Dos anjos a candura:
Não tenho culpa de tua alma trifásica.
Te vi lá da outra margem do rio e vim.
A tinta manchava o casco do barco e os remos
O vento derramava teus versos nas folhas das árvores.Agostinho olhava a tarde.
Beijei-lhe o rosto , as mãos áspera de areia e folha.
O silêncio era eco na mudez das pedras
Quando li seus versos.
As palavras batiam nas paredes úmidas
E observei um delicado movimento dos ombros:
Ele ouvia.Quando findei a leitura
Indicou-me a porta de saída.Luísa Ataíde
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