Luiz Martins da Silva
Se posso indagar, digo,
De artista p’ra arquiteto,
Subia na sua prancheta
A sábia lua no teto?
Pois vinha ela de longe,
De violas sertanejas,
Antes que Plano e Piloto
Modernizassem belezas.
Por aqui chegando homens,
E tempos depois as mulheres,
Mas já de alguns pioneiros
Comum era olhar luares.
Terra plana, mato seco;
Redemoinho vermelho;
Cinza que agarra a garganta,
Mas cadê no céu a nave?
Tanta ânsia era a de prédio,
Tanta a pressa capital,
E a cidade em vôo leve
Mas sem uma lua no céu.
E a tal cisma de evitar
As cruzes em linhas retas?
Deu no que deu de assentar
Tesouras de curvas perfeitas.
Mas sem ligar para a noite,
Como eterno sendo o dia,
Teria esquecido o arquiteto
A esfera da fantasia?
Ficou assim a cidade,
De antônima geometria:
De dia, a modernidade;
De noite, a lua caipira.
Mas voltando aos instrumentos,
Que vão dos sonhos às formas,
Berram, agora, os sentimentos,
Em rocks roucos, as guitarras.
sábado, 11 de julho de 2009
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