VINICÍUS DE MORAIS
Eu talvez não tenha muitos amigos.
Mas os que eu tenho são os melhores
que alguém poderia ter.
Além disso tenho sorte,
porque os amigos que tenho têm muitos
amigos e os dividem comigo.
Assim o meu número de amigos sempre
aumenta, já que eu sempre ganho
amigos dos meus amigos.
Foi assim aqui, uns eu ganhei há tempos,
outros são mais recentes.
E quem os deu não ficou sem eles,
pois a amizade pode sempre ser
dividida sem nunca diminuir
ou enfraquecer.
Pelo contrário, quanto mais dividida,
mais ela aumenta.
E há mais vantagens na amizade:
é uma das poucas coisas que não
custam nada e valem muito,
embora não sejam vendáveis.
Entretanto, é preciso que se cuide um
pouco das amizades. As mais recentes,
por exemplo, precisam de alguns cuidados.
Poucos, é verdade, mas indispensáveis.
É preciso mantê-los com um
certo calor,falar com eles mais
amiúde e no início, com muito jeito.
Com o tempo eles crescem, ficam
fortes e até suportam alguns trancos.
Os mais antigos, já sólidos, não exigem
muito, são como as mudas das plantas,
que depois de enraizadas, parecem
poder viver sem cuidados, porém não
podem jamais ser esquecidas.
Algo é preciso para mantê-las vivas.
Prezo muito minhas amizades e
reservo sempre um canto no
meu peito para elas.
E, sempre que surge a ocasião, também
não perco a oportunidade de dar um
amigo a um amigo, da mesma forma
que eu ganhei vocês.
E não adiantam as despedidas.
De um amigo ninguém se livra fácil.
A amizade além de contagiosa
é totalmente incurável.
Gentilmente enviado por Valdirene Soares