CECÍLIA MEIRELLES
Nós merecemos a morte porque somos humanos
e a guerra é feita por nossas mãos.
PeLa nossa cabeça embrulhada em séculos de sombra
Por nosso sangue estranho e instável,pelas ordens
que trazemos por dentro, e ficam sem explicação.
Criamos o fogo, a velocidade, a nova alquimia
os cálculos do gesto,
embora sabendo que somos irmãos.
Temos até os átomos por cúmplices, e que pecado
de ciência, pelo mar, pelas nuvens, nos astros!
Que delírio, sem Deus nossa imaginação!
E aqui morreste! Oh, tua morte é minha que enganada
recebes. Não te queixas. Não pensas; Não sabes. Indigno
ver parar, pelo meu teu inofensivo coração.
Animal encantado - melhor que nós todos!
-que tinhas tu com este mundo
dos homens?
Aprendias a vida plácida e pura, e entrelaçada
em carne e sonho, que os teus olhos decifravam...
Rei das planícies verdes, com rios trêmulos de relinchos...
Como vieste morrer por um que mata seus irmãos!