quarta-feira, 6 de outubro de 2010

DANÇARINA ESPANHOLA

Rainer Maria Rilke*


Como um fósforo a arder antes que cresça

a flama, distendendo em raios brancos

suas línguas de luz, assim começa

e se alastra ao redor, ágil e ardente,

a dança em arco aos trêmulos arrancos.

E logo ela é só flama, inteiramente.

Com um olhar põe fogo nos cabelos

e com a arte sutil dos tornozelos

incendeia também os seus vestidos

de onde, serpentes doidas, a rompê-los,

saltam os braços nus com estalidos.

Então, como se fosse um feixe aceso,

colhe o fogo num gesto de desprezo,

atira-o bruscamente no tablado

e o contempla. Ei-lo ao rés do chão, irado,

a sustentar ainda a chama viva.

Mas ela, do alto, num leve sorriso


de saudação, erguendo a fronte altiva,

pisa-o com seu pequeno pé preciso.


* Poeta e escritor alemão. Autor de Elegias do Duíno. Trad. Augusto de Campos
Gentilmente enviado por Osmar  de  Oliveira Aguiar

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