Seu Teodoro não é de grande estatura , de grandes desejos, de grandes posses. Olha-nos num estado de miopia demorada, depois sorri. Dessas criaturas simples que vieram ao mundo impulsionados pela grandeza de sonhar. Mas o menino Teodoro, filho de um seringueiro da ilha de Marajó, não apenas inflou-se de sonhos, foi á luta e venceu
Houve um tempo, nos conta, em que as conversas ,sob a luz da lamparina , reuniam avôs, filhos e netos, ainda as visitas, a primarada . Vinham sentar-se : as mulheres, as crianças, as lendas, as histórias de fazendas e fantasmas, as princesas e seus reinos. Todos se achegavam em volta da voz do narrador. Um tempo de lua cheia e estrelas , de cantos e ladainhas. Um tempo em que se usava a folha ubuçu, palmeira da região, como vela de canoa, para aproveirar o vento. Um tempo que ainda sobrevive lá para as terras do Pará.
Seu Teodoro resolveu colocar todas as lembranças e fatos no papel para que seus filhos e netos conhecessem a história das gerações passadas que se apaga, em gotas de neblina, no trilho dos séculos. Publicou em 2011 um livro autobiográfico: O Perdedor que um dia venceu. De perdedor, fica o adjetivo para nós que não fizemos parte desta época que se esmaece nas fotografias beges dos álbuns de família. Se mais pessoas escrevessem suas histórias para os netos de seus netos, haveria mais respeito aos que chegaram primeiro a este mundo. Talvez salvássemos a conversa sadia , entre amigos e parentes no final do dia e não apenas o olho vidrado diante da internet e da tv.
A Teodoro Ramos todo carinho e respeito.
L. A.
L. A.
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