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domingo, 25 de novembro de 2012
Dr. PAULO NIEMEYER FILHO
domingo, 5 de agosto de 2012
O ESPELHO DE GANDHI
Perguntaram a Mahatma Gandhi quais são os fatores que destroem os seres humanos. Ele respondeu:
A Política, sem princípios; o Prazer, sem compromisso; a Riqueza, sem trabalho; a Sabedoria, sem caráter; os negócios, sem moral; a Ciência, sem humanidade; a Oração, sem caridade.
A vida me ensinou que as pessoas são amigáveis,
se eu sou amável,
que as pessoas são tristes, se estou triste,
que todos me querem, se eu os quero,
que todos são ruins, se eu os odeio,
que há rostos sorridentes, se eu lhes sorrio,
que há faces amargas, se eu sou amargo,
que o mundo está feliz, se eu estou feliz,
que as pessoas ficam com raiva quando
eu estou com raiva,
que as pessoas são gratas, se eu sou grato.
A vida é como um espelho: se você sorri para o espelho, ele sorri de volta. A atitude que eu tome perante a vida é a mesma que a vida vai tomar perante mim.
"Quem quer ser amado, ame"
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
NÓS E CORDAS
No entrelaço de nós e cordas
haverá que pacientemente separar os fios
para que reunidos refaçam a rede
que lançada ao mar
fará o exercício de buscar o fruto.
Haverá de dobrar-se
respeitando e não invadindo os outros fios
para ser útil à tarefa do dia seguinte.
(sopro ao ouvido) 11/08/2012
sábado, 21 de julho de 2012
A OBRA DE ARTE
Anton Tchekhov
Carregando sob o braço um objeto embrulhado no número 223 do Mensageiro
da Bolsa, Sacha Smirnoff, filhinho de mamãe, assumiu uma expressão de tristeza
e entrou no consultório do doutor Kochelkoff.
— Ah! meu grande jovem! — exclamou o médico. — Como vamos? O
que há de novo?
Fechando as pálpebras, Sacha pôs a mão no coração e, comovido, falou:
— Mamãe lhe manda seus cumprimentos, Ivan Nicolaìevitch, e me encarregou
de lhe agradecer... Mamãe só tem a mim no mundo, e o senhor me salvou a vida...
curando-me de grave enfermidade e... não sabemos como lhe agradecer.
— Ora! O que é isso, meu jovem! — atalhou o médico, realizado.
— Não fiz mais do que qualquer um no meu lugar teria feito...
Depois de observar o presente, o médico coçou lentamente a orelha, bufou e
suspirou, confuso.
— Sim — murmurou —, é algo realmente magnífico... como
diria?... um tanto ou quanto ousado... Não é apenas decotada; é... sei lá, que
diabos!
— Mas... por que diz isso?
— Nem a serpente em pessoa poderia inventar alguma coisa de mais
indecente. Se eu colocasse esta fantasiazinha na mesa, iria contaminar a casa
toda.
— Que modo mais excêntrico tem o senhor de interpretar a arte! —
disse Sacha, ofendido. — É um objeto artístico!... Olhe! Que beleza! Que
elegância! É de se ficar com a alma inundada de piedade, e com lágrimas a subir
aos olhos! Contemplando-se tamanha beleza, nos esquecemos de tudo o que seja da
Terra... Veja bem... Que movimentos! Que harmonia! Que expressão!...
— Compreendo muito bem tudo isso, meu caro — interrompeu o médico
—, mas acontece que eu sou pai de família. Meus filhos costumam vir aqui.
Recebo senhoras...
— É evidente — disse Sacha — que se a gente adotar o ponto de
vista do povo, este objeto, altamente artístico, causará uma impressão
diferente... Sou o filho único de mamãe... somos pobres, e por isso não podemos
lhe recompensar os seus cuidados; e não sabemos o que fazer; embora, apesar de
tudo, mamãe e eu... seu filho único... lhe suplicamos de todo o coração que
aceite, como penhor de gratidão... esta ninharia que... É um bronze antigo...
uma obra rara... de arte.
— Mas não havia necessidade — disse o médico, franzindo as
sobrancelhas. — Por que razão?
— Não, eu imploro ao senhor, não recuse! — continuou a murmurar
Sacha, desembrulhando de todo o pacote. — Seria uma ofensa, a mamãe e a
mim... Trata-se um objeto belíssimo... em bronze antigo. Foi herança de papai,
guardada como uma querida lembrança... Papai comprava bronzes antigos e
revendia-os aos colecionadores... Já mamãe e eu não nos ocupamos disso...
Sacha acabou de desembrulhar o objeto e colocou-o solenemente em cima mesa. Era
um pequeno candelabro de bronze antigo, de fina feitura. Representava duas
figuras femininas em trajes de Eva e em atitudes que não ousaria — nem
tenho temperamento para isso — descrever.
As figuras sorriam ostensivamente, dando a impressão de que, não fossem retidas
pela obrigação de suster o castiçal, teriam imediatamente fugido do pedestal
dançando tal cancã que, amigo leitor, nem é bom imaginar.
— O doutor, claro, está acima destas coisas todas e portanto sua recusa
nos daria, a mamãe e a mim, uma enorme frustração. Sou o filho único de mamãe;
o senhor me salvou a vida... Damos-lhe de presente o que de mais precioso
possuímos, e... só tenho a tristeza de não nos pertencer o par do candelabro!
— Muito agradecido, meu jovem amigo. Fico-lhe muito grato... Minhas
recomendações à sua mãe, mas rogo-lhe, o senhor mesmo considere a questão! Meus
garotos costumam vir aqui... Aparecem muitas senhoras... Mas deixo-o aqui, já
que me parece impossível convencê-lo!
— Ora, não há de que me convencer! — disse Sacha com habilidade.
– Coloque o candelabro do lado desta jarra. Que infelicidade não possuir
o par!... Bem, vou indo, adeus, doutor.
Depois da saída de Sacha, o doutor observou bastante o candelabro, coço orelha
e concluiu:
“Não se pode negar que é magnífico. É uma pena abrir mão dele. Ao mesmo
tempo é impossível deixá-lo aqui... Hum... Está criado o problema... Poderia
dá-lo de presente a quem?” •
Depois desta reflexão, lembrou-se do advogado Ukhoff, seu amigo íntimo, que
gostaria de ter o objeto.
"Às mil maravilhas!", decidiu. "Ukof Ukhoff não aceita receber
dinheiro de mim, mas ficará contente com esta lembrança... E assim me livrarei
deste incômodo. Além do mais, ele é solteiro e maroto...”
Rápido, o médico se vestiu, pegou o candelabro e foi até a casa do advogado.
— Bom dia, amigo — disse, ao encontrar Ukhoff em sua morada...
— Venho lhe trazer uma recompensa pela amolação... Já que não quer
aceitar dinheiro meu, aceitará um pequeno presente... Ei-lo, meu amigo! É um
objeto magnífico!
Ao ver o candelabro, o advogado viu-se tomado de inefável encantamento.
— Isso sim é que é obra de arte — disse, rindo às gargalhadas.
— Que o diabo carregue os meliantes capazes de sequer imaginar alguma
coisa de parecido... É maravilhoso! Onde foi que você encontrou tal
preciosidade?
Assim que o entusiasmo se esgotou, o advogado lançou temerosos olhares para o
lado da porta e disse:
— No entanto, meu velho amigo, é melhor levar de volta o seu presente.
Não posso aceitá-lo...
— Por quê? — quis saber, espantado, o médico.
— Porque... Mamãe vem aqui, meus clientes... e além do mais é
constrangedor em relação aos criados...
— Ora, essa é boa!... Você não terá a ousadia de recusá-lo. (E o médico
agitou as mãos.) Eu ficaria ofendido!... Trata-se de um objeto de arte... Que
movimentos! Que expressão!... Não quero ouvir seus argumentos! Você me deixaria
melindrado!
— Se pelo menos tivesse alguma sutileza, ou se estivesse coberta...
O médico, porém, ainda a agitar as mãos e contente por conseguir se desfazer do
presente, voltou para o seu consultório.
Sozinho em casa, o advogado pôs-se a examinar o candelabro, apalpou-lhe todas
as partes e, da mesma forma que o médico, viu-se tentado a refletir sobre o que
deveria fazer com ele.
“É um objeto belíssimo", pensou. "Seria uma pena se desfazer
dele; ao mesmo tempo, é inconveniente tê-lo em casa... Melhor
seria oferecê-lo a alguém... Já sei, vou levá-lo hoje à noite ao cômico
Chachkine. O sacana adora as coisas desse gênero, e hoje é justamente o dia de
sua estréia”...
Foi o que fez, tão rápido quanto pensou. À noite o candelabro, lindamente
embrulhado, era oferecido ao cômico Chachkine.
A noite toda o camarim do artista foi invadido pelos homens que queriam admirar
o presente; a noite toda foi de murmúrios de aprovação e de risadas que mais
pareciam relinchos... Quando uma artista se aproximava do camarim e perguntava:
"Pode-se entrar?", logo a voz rouca do cômico retumbava:
— Não, não, cara amiga! Estou sem roupa!
Terminado o espetáculo, Chachkine dizia, dando de ombros e abrindo os braços:
— Onde vou colocar tamanha indecência? Moro em casa de família e recebo
muitos artistas! E isso não é como fotografia, que a gente pode esconder dentro
da gaveta...
— Ora, por que não o vende, senhor? — aconselhou o cabeleireiro,
que o ajudava a trocar de roupa. — Tem uma velha aqui no bairro que
compra bronze antigo. Vá lá e pergunte pela senhora Smirnoff... Todo mundo a
conhece.
O cômico resolveu seguir o conselho...
Dois dias depois, o doutor Kochelkoff meditava sobre os ácidos biliosos, de
dedo na testa. Subitamente a porta se abriu e Sacha Smirnoff jogou-se a seu
encontro. Sorria exultante, e todo o seu ser transpirava felicidade... Trazia
alguma coisa embrulhada em jornal.
— Doutor — disse, ofegante —, imagine só nossa alegria!...
Para nossa felicidade, encontramos o par do seu candelabro!... Mamãe está se
sentindo tão feliz!... E o senhor me salvou a vida...
E então, tremendo de gratidão, Sacha colocou o candelabro diante dos olhos de
Ivan Nicolaievitch. 0 médico quis dizer alguma coisa mas não conseguiu. Perdera
o uso da palavra.
quinta-feira, 7 de junho de 2012
REFLEXÃO
(sopro ao ouvido)
Se há trabalho, há fadiga.
Descansa então sob sombras
e refaças-te.
Se inevitável amanhã o trabalho
vá com alegria.
Os que te esperam com os galhos do açoite
se surpreenderão.
Coloque boa vontade e muito
muito amor na tarefa
e se possível sorria, nem que seja internamente
ou se disponha ao riso.
O fardo aos poucos se tornará leve
suspenso como são as nuvens e as asas dos pássaros.
Alegria e boa vontade no fazer
tornam a pedra pesada uma flor
um perfume, uma alegria.
O segredo para fazer da dor
um momento breve.
Se há trabalho, há fadiga.
Descansa então sob sombras
e refaças-te.
Se inevitável amanhã o trabalho
vá com alegria.
Os que te esperam com os galhos do açoite
se surpreenderão.
Coloque boa vontade e muito
muito amor na tarefa
e se possível sorria, nem que seja internamente
ou se disponha ao riso.
O fardo aos poucos se tornará leve
suspenso como são as nuvens e as asas dos pássaros.
Alegria e boa vontade no fazer
tornam a pedra pesada uma flor
um perfume, uma alegria.
O segredo para fazer da dor
um momento breve.
domingo, 29 de abril de 2012
RECEITA DE BOLO
O que nos resta agora, atravessadas todas as manhãs de nossa infância, com certeza é o orgulho de termos pertencido àquela família, Afinal, ele era o único médico a quilômetros dali e éramos seus. Nas manhãs de domingo enfileirávamos em direção à igreja, a pé, em jejum, obedientes e limpos. Sempre.
Nós o seguíamos a curta distância, minha mãe em solidariedade aos meus passos curtos dava-me a mão. À frente ia um homem que buscava o sentido da vida, não era de grande estatura, os olhos claros escondiam-se sob as lentes grossas. Anos mais tarde, na escola, descobri muitos meninos com o seu nome. Ele explicava, às refeições, que as mães admiravam a sonoridade do nome. O Dr. Bernardo Benson era um ideal de futuro. Acreditava na verdade acima de tudo e no respeito aos homens. Os habitantes do Vale do Rio Verde confiavam-lhe o corpo e às vezes a alma. Algumas consultas eram dadas nos degraus da escadaria da Igreja, sob chapéus e sombrinhas. Era comum sermos acordados de madrugadas, sob as estrelas ou chuva. O sobrado amarelo entre a Rua do Mercado e a Casa de Pães era de quase uso público. A casa do Dr. Benson passou com o tempo a ser chamada a Casa do Bem.
Foi quando naquela manhã ele nos trouxe o Jipe. Parou ali na entrada da casa e a desordem do dia estava formada. Dali em diante, disputávamos quem de nós acompanharia o médico nas visitas domiciliares. O vento no nariz, no subir e descer das ruas de ladeira, era nossa secreta alegria.
Até que choveu na linda claridade do Vale. Passou a ser rotina o Jipe, tal qual menina birrenta, cruzar os braços na subida da matriz.
− Não vou! não vou! não vou! - engasgava. Bem ali? Nós que adorávamos ser apontados chegando juntos à missa. As birras continuaram: Na porta da escola, nas fazendas distantes, nas claras manhãs de sol e ainda: era inútil acordá-lo em madrugadas de chuva.
Voltamos a fazer a pé o trajeto à Igreja. Eu olhava para trás, na garagem, achava grande e injusto seu orgulho pagão, mas não conseguia odiar quem me dera tanto prazer. Até que meu pai nos comunicou solenemente que iria vendê-lo.
Vieram os interessados.
Eu cruzava a sala em direção à cozinha. Lá perto da janela estava o padeiro. Ele falava e sorria ao mesmo tempo, dizia não ter medo de nada. Foi quando ouvi:
− Não se preocupe, esse Jipe é espetacular! Nunca apresentou problema de motor, nunca me deixou na mão, máquina como esta o senhor não encontra por aí.
Criou-se ali uma linha turva entre o padeiro, o médico e eu. Eu que ainda tinha fresco sob a língua o gosto das doses diárias de respeito, solidariedade e honestidade.
− Pai, como você pode dizer isso?
Não sei se era ainda o meu grito ou de minha mãe:
− Paula Benson, vá já prá cozinha!
Vieram os cascudos, muitos. Muito mais dolorido foi entender a razão deles. Meu nome nunca soara tão grave e feio, tão árido. É bem verdade que eu deveria me chamar Magna Suene, por sugestão de uma tia, mas graças ao atraso do correio o nome só pôde ser dado à boneca que acompanhara a carta. Acho que até ele soaria mais brando naquele momento.
Minha mãe era uma mulher simpática, destas que não se esforçam em ser, pois o sorriso se abre sincero sobre o rosto limpo. Fazia doces e ensinava o ofício de construí-los na varanda da casa. No arrastar das tardes eu assistia as aulas só para ouvir suas explicações pausadas e observar como prendia os dedos na ponta do avental sobre a saia cumprida. Dizia sempre:
− Aqui estão todos os ingredientes. O segredo é misturá-los bem e na ordem certa.
Aos poucos fui assimilando a sabedoria materna. Os ingredientes enfileirados sobre a mesa, tal qual receita de bolo, misturar na ordem e na quantidade certa, sem ir além do sal e do mel. Às vezes rápido, por outras sem pressa.
Do livro Os Anjos de Prata (Antologia de contos e crónicas) - ALL PRINT Editora, 2007, São Paulo, Brasil, pp. 63-64.
Luisa Ataíde
quinta-feira, 12 de abril de 2012
O SOLITÁRIO DE SÃO MIGUEL DE SEIDE(trecho)
FREDERICO LINS
Cresce no íntimo de cada pensador, e todos eles são introspectivos, essa confusão de sentimento, esse spleen desanimador, essa melancolia depressiva e fatal, levando-os aos transportes que derrama, com sinceridade, nas suas cartas, nas missivas que remete, com esperanças de consolaçao, aos íntimos compreensivos. Rui Barbosa, seco , na forma de vida austera, dedicada ao Direito e ao Brasil, foi um emotivo e um sentimental nas suas cartas. Machado de Assis, o enigma da nossa literatura, também o foi, Mas Castello Branco, com um volume literário superior a todos eles, não tem elementos, nesse sentido, que esclareçam a irrequietude de seu espirito fecundo, que lançem uma luz sobre sua paixão, a iluminarem a sua existência tão cheia de dores e trabalhos repetidos. Os bancos de Coimbra, a Maria da Fonte, as ruas de Lisboa, os cárceres da Relação do Porto, nada disto fez viver suas cartas, com raras alusões, como a maioria dos pensadores do seu tempo. Dostoiévski recalcou sua dor na Sibéria, para retratá-la como nenhum outro, nos seus rompantes geniais. Parece que um estranho destino marca certos e determinados homens superiores. Camilo foi assim, introspectivo e recalcado intimamente com as injustiças sofridas, a terminar no seu desvairio. Sem essas válvula de escoamento que são as cartas, muitas cartas. Antero de Quental, alucinado, cortou a existência em plena vibração lírica. Gerard de Nerval foi outro desgraçado , com a mente envolvida por um misticismo oriental com origem remota na sua formação psicológica, a procurar no silêncio o descanço eterno. Euclides da Cunha, que só escrevia, na força do estilo mais puro da literatura brasileiro, imprecando, atirou-se à voragem de um ciúme tardio, a encontar, de passagem, a bala de Dilermando de Assis. E os casos se sucedem em torno desses infelizes, imersos em sombras grandiosas, com suas vidas a seguirem uma estrada luminosa, mas cheia de percalços cruéis, imortal, mas com alcantis perigossíssimos. Poucos são os que a vencem em toda a sua extensão. São sonhos maravilhosos de crença interior. Quando despertam, como Põe, procuram a morte no esquecimento do vício; como Wilde, na degradação do nome; como Hermes Fontes, na bala do seu revólver. O álcool, a dor e o revólver são pontos finais terríveis.
Camilo despertou cego!
segunda-feira, 26 de março de 2012
O PENSAMENTO
FRANCISCO CÃNDIDO XAVER
Nossa alma vive onde se lhe situa o coração.
Caminharemos,
ao influxo de nossas próprias criações, seja onde for.
A
gravitação no campo mental é tão incisiva, quanto na esfera da
experiência física..
A resultante visível de nossas cogitações mais íntima denuncia a condição espiritual que nos é própria, e quantos se afinam com a natureza de nossas inclinações e desejos aproximam-se de nós, pelas amostras de nossos pensamentos.
Se persistimos nas esferas mais baixas da experiência humana, os que ainda jornadeiam nas linhas da animalidade nos procuram, atraídos pelo tipo de nossos impulsos inferiores, absorvendo as substâncias mentais que emitimos e projetando sobre nós os elementos de que se fazem portadores.
Imaginar é criar.
E toda criação tem vida e movimento, ainda que ligeiros, impondo responsabilidade à consciência que a manifesta. E como a vida e o movimento se vinculam aos princípios de permuta, é indispensável analisar o que damos, a fim de ajuizar quanto àquilo que devamos receber.
Quem apenas mentalize angústias e crime, miséria e perturbação, poderá refletir no espelho da própria alma outras imagens que não sejam as da desarmonia e do sofrimento?
Vigiemos os , purificando-o no trabalho incessante do bem, para que arrojemos de nós a grilheta capaz de acorrentar-nos a obscuros processos de vida inferior.
É da forja viva da ideia que saem as asas dos anjos e as algemas dos condenados.
quinta-feira, 1 de março de 2012
O QUINZE- Rachel de Queiroz
p.4
Conceição dizia alegremente que nascera solteirona (tinha vinte e tres annos e não fallava em casar). As poucas tentativas de namoro que iniciara tinham-se ido com os dezoitos annos e o tempo em que era normalista. Hoje, tratava familiarmente os rapazes de sua roda, que aliás não eram poucos, com um certo ar fraternal de irmã mais velha, onde ella punha muita camaradagem e alguma estima.
Escrevia ás vezes sobre pedagogia e fallava sempre num grande livro que tinha em preparo sobre a educação das crianças.
Fazia as vezes versos que mostrava aos amigos e nunca publicava.
E lia, lia furiosamente, lia apaixonadamente, maniacamente, tudo o que podia, Interessava-se pelas questões sociaes , discutia os direitos da mulher e dizia-se socialista.
-------------------------------------------DUAS LINHAS RASURADAS---------------------------------------------
Acostumada a pensar por si, a viver isolada, creara para si propria um ambiente moral, idéias e preconceitos proprios, que peccavam talves pela excessiva marca da casa...
Do Livro- O QUINZE- RACHEL DE QUEIROZ- primeira versão ( MANUSCRITO, editado pela gráfica do Senado Federal.
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
O LAGO DOS PEIXES
Eu procuro ao fim do dia o lago dos peixes.
Onde a água limpa espelhe a vida entre as pedras.
Eu procuro o lago, em que o barco deslize e não incomode os peixes.
Ouço o vento manso como uma oração de fim de tarde.
Faz-se necessário a placidez das águas e a dança dos peixes entre as pedras do rio.
Ouvir do fundo das águas o silêncio do lago .
Os peixes não almejam o céu.
Vivem a plena harmonia de serem seres das águas.
Aceitam a existência única de fazerem parte do ciclo do lago dos peixes.
Sopro ao oubvido- 15/02/2012
domingo, 12 de fevereiro de 2012
TEODORO RAMOS
Seu Teodoro não é de grande estatura , de grandes desejos, de grandes posses. Olha-nos num estado de miopia demorada, depois sorri. Dessas criaturas simples que vieram ao mundo impulsionados pela grandeza de sonhar. Mas o menino Teodoro, filho de um seringueiro da ilha de Marajó, não apenas inflou-se de sonhos, foi á luta e venceu
Houve um tempo, nos conta, em que as conversas ,sob a luz da lamparina , reuniam avôs, filhos e netos, ainda as visitas, a primarada . Vinham sentar-se : as mulheres, as crianças, as lendas, as histórias de fazendas e fantasmas, as princesas e seus reinos. Todos se achegavam em volta da voz do narrador. Um tempo de lua cheia e estrelas , de cantos e ladainhas. Um tempo em que se usava a folha ubuçu, palmeira da região, como vela de canoa, para aproveirar o vento. Um tempo que ainda sobrevive lá para as terras do Pará.
Seu Teodoro resolveu colocar todas as lembranças e fatos no papel para que seus filhos e netos conhecessem a história das gerações passadas que se apaga, em gotas de neblina, no trilho dos séculos. Publicou em 2011 um livro autobiográfico: O Perdedor que um dia venceu. De perdedor, fica o adjetivo para nós que não fizemos parte desta época que se esmaece nas fotografias beges dos álbuns de família. Se mais pessoas escrevessem suas histórias para os netos de seus netos, haveria mais respeito aos que chegaram primeiro a este mundo. Talvez salvássemos a conversa sadia , entre amigos e parentes no final do dia e não apenas o olho vidrado diante da internet e da tv.
A Teodoro Ramos todo carinho e respeito.
L. A.
L. A.
sábado, 11 de fevereiro de 2012
PARAMAHANSA YOGANANDA ( 0 iogue de Cristo)
“A unidade das várias religiões só poderá se concretizar quando seus praticantes tornarem-se realmente conscientes de Deus dentro de si mesmos. Teremos, então, uma verdadeira fraternidade de homens sob a Paternidade de Deus”.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
O CAMINHO DO VENTO
Haverá um tempo em que toda árvore dobrará a aridez climática,
o dilúvio das chuvas e produzirá um novo fruto.
Haverá um tempo em que o fruto amargo se tornará doce
e se fará semente de outro fruto.
Haverá um tempo em que tudo será aproveitado
pois que haverá a estação certa para a transformação de cada um.
A semente, a árvore e o fruto nascem das mãos celestiais
e nunca poderão ser jogados por terra.
Haverá uma estação abundante para todos
é o inevitável caminho do vento.
(sopro ao ouvido) 01/02/2012
sábado, 21 de janeiro de 2012
O TEMPO CERTO
Paulo Coelho
De uma coisa podemos ter certeza:
de nada adianta querer apressar as coisas.
de nada adianta querer apressar as coisas.
Tudo vem ao seu tempo, dentro do prazo que lhe foi previsto.
Mas a natureza humana não é muito paciente.
Temos pressa em tudo!
Aí acontecem os atropelos do destino,
aquela situação que você mesmo provoca,
por pura ansiedade de não aguardar o tempo certo.
aquela situação que você mesmo provoca,
por pura ansiedade de não aguardar o tempo certo.
Mas alguém poderia dizer: - Mas qual é esse tempo certo?
Bom, basta observar os sinais.
Geralmente quando alguma coisa está para acontecer
ou chegar até sua vida...
ou chegar até sua vida...
Pequenas manifestações do cotidiano,
enviarão sinais indicando o caminho certo.
enviarão sinais indicando o caminho certo.
Pode ser a palavra de um amigo,
um texto lido, uma observação qualquer.
um texto lido, uma observação qualquer.
Mas com certeza,
o sincronismo se encarregará de colocar você no lugar certo,
na hora certa, no momento certo,
diante da situação ou da pessoa certa!
o sincronismo se encarregará de colocar você no lugar certo,
na hora certa, no momento certo,
diante da situação ou da pessoa certa!
Basta você acreditar que nada acontece por acaso!
E talvez seja por isso que você esteja agora lendo essas linhas.
Tente observar melhor o que está a sua volta.
Com certeza alguns desses sinais já estão por perto,
e você nem os notou ainda.
e você nem os notou ainda.
Lembre-se que o universo, sempre conspira a seu favor,
quando você possui um objetivo claro e uma disponibilidade de crescimento.
quando você possui um objetivo claro e uma disponibilidade de crescimento.
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
GESTO
Teresa Passos
No instante absoluto do teu gesto
ergo-me
inconcebível , única e sem tempo.
E os meus lábios, trilhando-se nas alturas,
baixam à vulnerável montanha do teu corpo.
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